quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DISCURSO DO ORADOR - MEDICINA-UEL TURMA 57, EM 21/01/2010


MENSAGEM DE FORMATURA
Srs Professores e Professoras,
Meus caros amigos colegas de turma e profissão,
Srs Pais, sras mães e todos familiares e amigos,
Senhores e senhoras e todas as autoridades aqui presentes,
Inicialmente agradeço a oportunidade dada a mim para representar meus queridos colegas de turma de Medicina neste momento solene.
Quero agradecer também a Deus, aos nossos pai e mãe, aos nossos familiares e amigos, aos nossos professores, aos funcionários e à Universidade Estadual de Londrina, esta universidade de prestígio, da qual me orgulho ser formado em Medicina e que nos proporcionou uma boa formação. Minha missão nesta noite é a homenagem aos formandos, pois haverá outras homenagens particulares a cada um de vocês.
“Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu”, diz um belo e sábio texto do livro de Eclesiastes. Caríssimos, hoje é tempo de agradecer e celebrar a conquista da digna condição de médicos.
Caros colegas formandos, todos nós temos uma história antes da Medicina-UEL e outra após Medicina-UEL. A nossa história juntos, enquanto turma 57, começou em 22 de março de 2004, no Anfiteatro do HU, em nosso primeiro dia de aula. Há seis anos, éramos um grupo de jovens, quase adolescentes, entusiasmados com a conquista do vestibular. Ao longo dos anos, uns saíram e outros novos colegas chegaram a nossa turma e hoje são também parte da turma 57. Somos de várias regiões do Brasil e representamos a diversidade do povo brasileiro e testemunhamos o bom prestígio de nossa universidade, que recebe alunos de todo país. O nosso vestibular foi o mais concorrido da história da UEL, em números absolutos, com mais de 36750 alunos inscritos, 6016 só na Medicina.
Vocês se lembram do trote cultural, da nossa recepção, das primeiras aulas de anatomia? O querido professor Eduardo : "Olha o modiolo!" "Professor, mas é muita coisa para estudar! O que vocês fazem da meia noite à seis?" E das aulas de histologia e as células de Sertoli? Os tutoriais, as aulas de habilidades, os PINS... a cada ano fomos aprendendo um pouco mais... nosso currículo de Metodologias Ativas, conhecido como PBL, era algo novo para nós... e representou um grande desafio para boa parte da turma. Uns gostavam, outros não. Mas no final todo mundo acabou se formando. Com o tempo fomos nos aprofundando nos conhecimentos específicos da Medicina, na Clínica Médica, na Cirurgia, na Ginecologia e Obstetrícia, na Pediatria e na Saúde Coletiva. Chegamos ao internato e demos adeus aos tutoriais e outras atividades do primeiro ao quarto ano. A interação entre prática e teoria se tornou mais palpável e pudemos nos tornar os médicos que, em equipe, éramos responsáveis pelos pacientes. Sabemos que o internato da UEL tem a peculiaridade de confiar ao interno grande responsabilidade... e com isso fomos crescendo em maturidade e experiência clínica. E hoje temos consciência da responsabilidade de cuidar de vidas humanas que nos são confiadas pelos pacientes.
E o que falar das amizades da Medicina? Ao longo destes seis anos, vivemos, alegramo-nos e sofremos juntos. E por isso mesmo temos amigos e amigas que manteremos por toda a vida, pois a amizade foi formada e/ou passou pela prova de momentos difíceis que passamos juntos e também em momentos alegres que compartilhamos como o casamento de vários colegas. Convivemos com nossos colegas e aprendemos com cada um a respeitar o jeito de ser de cada integrante de nossa turma, as diferenças entre nós. Posso dizer que de certa forma mantemos significativa unidade na diversidade de nossa turma. Não citarei nomes para não ser injusto, mas asseguro a vocês que vimos gigantes em caráter e força moral e intelectual entre nós. São nas horas de dor e dificuldades que vemos a grandeza de cada pessoa. Como diria Saint Exupery: " o essencial é invisível aos olhos". E testemunhamos colegas fortes, que resistiram aos obstáculos da vida, às aventuras da dor, da morte de familiares, de doenças, de dificuldades particulares e que nos dão uma lição de grandeza que levaremos por toda a vida. Assim, aprendemos a ser mais nobres de espírito e a valorizar o que é digno de ser valorizado. Nossas festas desde o primeiro ano, os churrascos, as confraternizações, as INTERMEDs, as reuniões do CASP, do Colegiadão, da Comissão de Formatura, os estágios e tantas atividades extra-curriculares que vivemos juntos fazem parte de nossa história enquanto turma 57. Amigos, confesso que sinto e creio que também cada um de vocês sente uma enorme saudade desses bons tempos, que certamente estão entre os melhores anos de nossas vidas. Jamais esquecerei e acredito que também vocês não esquecerão a nossa querida turma 57. Cada um de vocês tem uma importância singular em nossa vida e espero que tenhamos muitas oportunidades de nos encontrarmos. Do mesmo autor: "tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas"... nós nos cativamos de modo peculiar, portanto cuidemos de nossa responsabilidade (rs).
Proponho a todos uma breve reflexão: o que é Medicina? O que é ser médico? Mamãe, papai, e agora, o que será de mim? A Medicina é uma profissão tão antiga quanto a própria humanidade. Necessária ao bem-estar e garantia da vida humana, a Medicina foi valorizada em praticamente todos territórios e épocas da história humana. Nas palavras de A. B. de Oliveira: "A Medicina é o saber da época, aliada à arte de previnir, aliviar e curar as moléstias". Portanto, a Medicina tem uma dimensão do saber técnico e científico que evolui gradativamente com a evolução do conhecimento humano e uma dimensão humanística, que está relacionada mais a arte do trato com o ser humano e envolve a empatia. Caros colegas formandos, senhoras e senhores, essa última não necessariamente evolui com o progresso do saber científico e, pelo contrário, tem sido frequentemente descuidada em nossa época, por conta de um tecnicismo e materialismo mercantilista na medicina. Há muita motivações dignas para o ser médico e todas são válidas e devem ser respeitadas, contudo, como diria João Guimarães Rosa em seu discurso na sua formatura de Medicina em 1930, devemos cultivar o sentimento de humanidade perante o sofrimento alheio. Afinal de contas, nenhuma pessoa humana é uma ilha em si mesmo e vivemos todos de forma interdependente.
ESTE PARÁGRAFO NÃO FOI LIDO PARA TORNAR O DISCURSO MAIS BREVE: Que tipo de médico queremos ser? Aprendemos desde os tempos de ensino fundamental que somos a espécie "Homo sapiens". Entretanto, nossa profissão exige que não apenas saibamos teoricamente, como sugere o "sapiens", mas que tenhamos as habilidades médicas e as ponhamos em prática. Devemos ser também "Homo faber", que faz, e como ser humano integral, "Homo ludens", que sabe viver para além da Medicina, equilibrando as atividades familiares, laborativas, sociais, religiosas e lúdicas. Assim, senhoras e senhores, teremos a ciência do viver, a qual muitos dos que aqui estão são mestres, mesmo sem ter estudado e aprendido em escola alguma, pois ela advém das experiências da vida quando se vive conscienciosamente. Caros colegas, o que mais importa na vida humana, não é o conhecimento, mas sim o caráter. A inteligência não é o saber, é somente o meio de o procurar. Estou certo de que com muito trabalho e esforço pessoal de cada colega formando que está aqui cresceremos como médicos dia após dia, elevando o nível da Medicina de nossa geração, sendo responsáveis por uma época de Medicina de boa qualidade, contribuindo para elevar o nível de qualidade de vida e saúde de toda sociedade, de nossa nação brasileira e de toda humanidade, pois vivemos época de globalização e, mais do que nunca, os efeitos locais são sentidos em qualquer parte do mundo. Como já diz um provérbio "o melhor dos travesseiros é uma consciência tranquila" e se formos dedicados estaremos serenos, trabalhando com dignidade por toda nossa vida, conforme é proposto em nosso Juramento médico de Hipócrates.
Caros colegas formandos, senhoras e senhores, imensa é a emoção deste dia tão importante em nossas vidas. Houve um tempo de estudar para o vestibular, nosso enorme desafio e nossa primeira grande vitória como médicos. Ao longo da vida universitária, vimos que foi apenas uma etapa relativamente fácil de ultrapassar frente às dificuldades que passamos a enfrentar. Enfrentamos outros desafios importantes, mas cito aqui o desafio da Residência Médica. Esse é o nosso segundo grande obstáculo, que felizmente já foi vencido por muitos dos que aqui estão e o será por muitos outros ainda. E um terceiro grande desafio é a própria vida médica, que será definida por cada um em particular. O futuro está em nossas mãos e colheremos o que plantarmos na vida profissional daqui para frente. "O começo de algo é mais do que a metade" (Aristóteles) e já começamos nossa vida profissional! Grande é a responsabilidade, mas certamente esta turma será marcada por profissionais talentosos, virtuosos, competentes, sérios, éticos, que trabalham bem, com humanismo e responsabilidade social e ambiental. Amigos, podemos nos dedicar a objetivos pessoais, mas também a familiares, sociais e de toda humanidade! Podemos servir melhor, tal como descrito neste belo poema de Gabriela Mistral: "Existe a alegria de ser bom e o prazer de ser justo./Existe, sobretudo o sublime, a imensa alegria de servir". "Ars longa, vita brevis"- caros amigos, a vida é curta e há muito o que fazer. Por isso, aproveitemos a vida com intensidade e qualidade e o meu mais sincero voto é que todos sejamos felizes e bem-sucedidos em nossa vida como um todo e em particular em nossa carreira médica! Muito obrigado por nossa convivência!
Concluo com umas palavras de Steve Jobs ditas em uma formatura em Stanford: "Stay hungry, stay foolish". Boa noite a todos. Muito obrigado!
Ademilson
Londrina, 21/01/2010

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

SER MÉDICO

  Olá, caro amigo leitor,

  Gostaria de compartilhar com você a imensa satisfação de me realizar profissionalmente. Eu como médico, você como advogado(a), engenheiro(a), arquiteto(a), padre(a), dono(a) de casa, carpinteiro(a), juiz(a), político(a), empresário(a), professor(a), enfim, em qualquer profissão. Sou muito feliz em minha profissão. Aprendi que em qualquer atividade e ambiente dignos podemos nos realizar... o importante é gostar do que se faz, mais do que se fazer o que se gosta. Nós temos o potencial para nos fazermos através do trabalho e deixar um fruto fecundo para a humanidade, mesmo que seja no mais humilde dos ofícios. O mais importante é se fazer com amor, buscando a competência para transmitir o melhor de nós em nosso ofício.

  Quero postar com mais frequência temas relacionados à Medicina, Saúde e Bem-Estar neste blog.

  Um forte abraço a todos,

  Ademilson.